SERRAS E ÁGUAS

Montanhas me movimentam. Movimentam músculos, ossos, serotoninas e endorfinas. Acima de certa altitude, onde a maioria da biota é invisível aí sim, com o coração batendo forte no peito, lutando pelo oxigênio, é que sentimos a imensidão do universo; o azul do céu torna-se incrivelmente azul, meio assim policromático, estonteante. O silêncio, esse diferente do silêncio zumbido, habitual, só se escuta na solitude da montanha. É o mais próximo da alma que já consegui alcançar. Mistura de magia, cansaço, hormônios, adrenalina, felicidade. Assim imagino felizes os monges tibetanos pois têm ali, à mão, ingredientes potencializadores que catalisam harmonicamente alma e assuntos terrenos. Mesmo aqui nas nossas não menos poderosas montanhas esse sentimento inunda. A presença do divino também se manifesta, agora diferente, mais sonoro e alegre. O azul torna-se verde, e o som de alguns seres que também só se escuta depois de alguma altitude se fazem presente. É só uma questão de percepção. Formada em canga, nossas montanhas, como magneto, nos prende e nos une a ela. É só deixar. E a canga, onde vivo, como nenhum outro tipo de solo, com afinidade aguçada pela água, a recebe desavergonhadamente, e entre suas entranhas a retém, amniótico, quente. Aqui e ali, insurgências brotam, deixando fluir seu caldo puro e cristalino, mineralizado, dito especial. A ferro e água.

Lucas Machado

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Quem chora agora



Quem chora agora é o Morro do Cachorro, uma sequência de serras em Casa Branca que ganhou esse nome por ter o desenho de um cachorro deitado. Após uma grande queimada em várias serras da região, o Cachorro também foi extremamente agredido após o incêndio de dimensões ainda não calculadas.
O movimento pelas Águas e Serras de Casa Branca se uniu para mostrar o quanto ainda estamos decepcionados com a atitude das mineradoras da região e dos governantes que pouco ou nada estão atuando e favor do nosso meio ambiente. Colocamos uma "lágrima no olho do Cachorro" para representar nossa tristeza em relação a essa realidade, ainda mais em um tempo de seca que, além de diminuir a quantidade da água na região, ocasiona queimadas devastadoras.
Esperamos que as autoridades se "toquem" e iniciem mobilizações em favor de Casa Branca. Precisamos do poder público para garantir a preservação de nossas serras e água, mas não vamos ficar parados esperando.
Unidos somos mais!

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