SERRAS E ÁGUAS

Montanhas me movimentam. Movimentam músculos, ossos, serotoninas e endorfinas. Acima de certa altitude, onde a maioria da biota é invisível aí sim, com o coração batendo forte no peito, lutando pelo oxigênio, é que sentimos a imensidão do universo; o azul do céu torna-se incrivelmente azul, meio assim policromático, estonteante. O silêncio, esse diferente do silêncio zumbido, habitual, só se escuta na solitude da montanha. É o mais próximo da alma que já consegui alcançar. Mistura de magia, cansaço, hormônios, adrenalina, felicidade. Assim imagino felizes os monges tibetanos pois têm ali, à mão, ingredientes potencializadores que catalisam harmonicamente alma e assuntos terrenos. Mesmo aqui nas nossas não menos poderosas montanhas esse sentimento inunda. A presença do divino também se manifesta, agora diferente, mais sonoro e alegre. O azul torna-se verde, e o som de alguns seres que também só se escuta depois de alguma altitude se fazem presente. É só uma questão de percepção. Formada em canga, nossas montanhas, como magneto, nos prende e nos une a ela. É só deixar. E a canga, onde vivo, como nenhum outro tipo de solo, com afinidade aguçada pela água, a recebe desavergonhadamente, e entre suas entranhas a retém, amniótico, quente. Aqui e ali, insurgências brotam, deixando fluir seu caldo puro e cristalino, mineralizado, dito especial. A ferro e água.

Lucas Machado

domingo, 25 de setembro de 2011

Incêndio consome 80% de área de Parque do Rola Moça


Os incêndios que atingem áreas de preservação ambiental na Serra do Rola-Moça e na Serra do Cipó, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), já consumiram mais 650 mil m² de vegetação, segundo os bombeiros, que ainda não conseguiram conter as chamas. Os trabalhos foram interrompidos por hoje e continuarão na segunda-feira (26) de manhã.
No Parque Estadual da Serra do Rola-Moça, uma das mais importantes áreas verdes do Estado, aproximadamente 80% da área total do parque foi queimada, segundo os bombeiros. Hoje, 27 bombeiros e alguns brigadistas combateram as chamas, com ajuda de helicópteros.



Na Serra do Cipó, onde está localizada uma das reservas naturais mais importantes do país, ao menos 500 mil m² de vegetação já foram consumidos pelo fogo, que começou na quarta-feira (21), na cidade de Morro do Pilar. Neste domingo, cerca de 70 homens, entre bombeiros e brigadistas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), atuaram no local, com ajuda de um helicóptero.
A Serra do Curral também é atingida por um incêndio desde as 13h30 deste domingo. Segundo os bombeiros, as chamas são altas e de grande intensidade. Foram deslocadas três equipes para o local.




Os incêndios atingem regiões de preservação ambiental que ficam na cadeia montanhosa conhecida como Serra do Espinhaço. A região é considerada pela Unesco uma reserva mundial da biosfera, pela sua diversidade de fauna e flora.
Ontem, na Mata da Baleia, os bombeiros contiveram um incêndio que consumiu 50.000 m². Também no Parque Nacional do Papagaio e no Parque Estadual da Serra do Cabral os bombeiros atuaram para apagar incêndios.
De acordo com estatísticas da corporação, de 17 de agosto a 12 de setembro deste ano foram registrados 1.931 em áreas de mata da região metropolitana de Belo Horizonte.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Quem chora agora



Quem chora agora é o Morro do Cachorro, uma sequência de serras em Casa Branca que ganhou esse nome por ter o desenho de um cachorro deitado. Após uma grande queimada em várias serras da região, o Cachorro também foi extremamente agredido após o incêndio de dimensões ainda não calculadas.
O movimento pelas Águas e Serras de Casa Branca se uniu para mostrar o quanto ainda estamos decepcionados com a atitude das mineradoras da região e dos governantes que pouco ou nada estão atuando e favor do nosso meio ambiente. Colocamos uma "lágrima no olho do Cachorro" para representar nossa tristeza em relação a essa realidade, ainda mais em um tempo de seca que, além de diminuir a quantidade da água na região, ocasiona queimadas devastadoras.
Esperamos que as autoridades se "toquem" e iniciem mobilizações em favor de Casa Branca. Precisamos do poder público para garantir a preservação de nossas serras e água, mas não vamos ficar parados esperando.
Unidos somos mais!