SERRAS E ÁGUAS

Montanhas me movimentam. Movimentam músculos, ossos, serotoninas e endorfinas. Acima de certa altitude, onde a maioria da biota é invisível aí sim, com o coração batendo forte no peito, lutando pelo oxigênio, é que sentimos a imensidão do universo; o azul do céu torna-se incrivelmente azul, meio assim policromático, estonteante. O silêncio, esse diferente do silêncio zumbido, habitual, só se escuta na solitude da montanha. É o mais próximo da alma que já consegui alcançar. Mistura de magia, cansaço, hormônios, adrenalina, felicidade. Assim imagino felizes os monges tibetanos pois têm ali, à mão, ingredientes potencializadores que catalisam harmonicamente alma e assuntos terrenos. Mesmo aqui nas nossas não menos poderosas montanhas esse sentimento inunda. A presença do divino também se manifesta, agora diferente, mais sonoro e alegre. O azul torna-se verde, e o som de alguns seres que também só se escuta depois de alguma altitude se fazem presente. É só uma questão de percepção. Formada em canga, nossas montanhas, como magneto, nos prende e nos une a ela. É só deixar. E a canga, onde vivo, como nenhum outro tipo de solo, com afinidade aguçada pela água, a recebe desavergonhadamente, e entre suas entranhas a retém, amniótico, quente. Aqui e ali, insurgências brotam, deixando fluir seu caldo puro e cristalino, mineralizado, dito especial. A ferro e água.

Lucas Machado

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O DIA DA ALEGRIA!

E o Espírito de Deus pairava sobre as Águas!
Gênesis - Capítulo 1, versículo 2

E a água dos céus a todos limpará.
Lama Tagdra Rimpoche
Trecho da poesia/profecia de um monge tibetano, presente no livro “Regina – 2 de octubre NO SE OLVIDA” de Don Antônio Velasco Piña

Eram 4:30 da manhã e chovia! A água do céu também se manifestou! Abençoou o do Dia da Alegria, esse histórico 16 de maio de 2011!
Cedo começou o dia para muitos moradores de Casa Branca. Unidos, realizamos uma manifestação pacífica, bloqueando a via de ligação entre Casa Branca e Brumadinho. A partir de 5 horas, a Avenida Hum já estava fechada e uma ação educativa, com faixas, cartazes e panfletos iniciou-se no local.
Gente de todas as idades, brava gente de Casa Branca, que exemplo de mobilização, cidadania, união e força!
Esse dia entrará na história de Casa Branca! Essa luta é mais que nobre, é sagrada! Sem ÁGUA não há VIDA!
Bloqueada a avenida, os presentes se reuniram para orar! Deus está presente! A Mãe Divina está presente!
“Avatar” é realidade aqui! O filme que conta a luta de uma população nativa contra a mineração, na paradisíaca lua de Pandora, foi mencionado por algumas pessoas presentes na manifestação.
Por falar em filme, durante a mobilização da população na preparação do Dia da Alegria, na sexta-feira 13, foi exibido o documentário “Não Vale”, sobre a ação da companhia Vale, responsável pela mineração na Mina da Jangada. Neste filme são mostradas as ações contra a natureza e contra os seres humanos, feitos pela Vale, na região de Carajás no Pará até São Luis do Maranhão. Uma mostra de nosso “vizinho” que se diz bonzinho, a poderosa e cruel multinacional brasileira!
A imprensa esteve presente no Dia da Alegria, repórteres do “MG-TV” da Rede Globo e do jornal “Hoje em Dia” estiveram presentes no local e fizeram matérias sobre a manifestação. Mesmo com as dificuldades colocadas pelos seguranças da Vale, que tentaram barrar o acesso dos jornalistas ao lugar, foi feito o registro da situação do Poço Azul, que teve mais de 50% de leito reduzido! A imprensa pode testemunhar a devastação feita em uma região de rica vegetação e fauna, próximo às nascentes de Casa Branca, com a abertura de verdadeiras avenidas em plena mata.
Foi uma denúncia e uma demonstração de força de uma população unida e guerreira, pronta para defender o sagrado direito à vida! Essa foi mais uma vitória, mas a mobilização tem que ser constante! Orai e Vigiai! 
Parabéns Comunidade de Casa Branca! Parabéns Moradores da Jangada! Obrigado a Deus e à Mãe Divina!
ÁGUA É VIDA!

Endereço para assistir à reportagem do MG TV:

HOJE - AGORA! Fechamento de avenida em protesto

16/05/2011 - Os moradores de Casa Branca estão em protesto desde 5hs da manhã, fechando a Avenida Hum, que liga Casa Branca a Brumadinho, a favor da preservação das águas da região. Denunciando as mazelas que as mineradoras da região estão realizando no nosso solo, recebemos a Rede Globo para fazer matéria no jornal MG TV 1ª edição, às 12:00 de hoje, 16 de maio de 2011. Registramos fotos absurdas da devastação causada pelas ações destes frios empresários.








16/05/2011 - Os moradores de Casa Branca estão em protesto desde 5hs da manhã, fechando a Avenida Hum, que liga Casa Branca a Brumadinho, a favor da preservação das águas da região. Denunciando as mazelas que as mineradoras da região estão realizando no nosso solo, recebemos a Rede Globo para fazer matéria no jornal MG TV 1ª edição, às 12:00 de hoje, 16 de maio de 2011. Registramos fotos absurdas da devastação causada pelas ações destes frios empresários.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Autuações por falta de outorga e promessa da Vale

Durante a reunião na sexta-feira com os representantes da Secretaria de Meio Ambiente de Brumadinho ficou acertado que na segunda-feira, dia 09 de maio, iriam começar as fiscalizações junto à Vale na Jangada. Já pela manhã da segunda-feira, Juninho, morador do Jangada, seguiu com o grupo da fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente até a nascente da Jangada, conhecida como Lagoa Azul. Demais demandas em questão dos desmatamentos na Serra do Cachorro, Capim Branco e ponto de recolha de água em caminhões na Jangada. A equipe da Secretaria se encontrou com o supervisor técnico da Vale e foram fazer a medição de água na nascente, a qual a Vale não tem outorga e, em função disso, já estão autuados. Ficou constatado que a nascente é de classe 1, sendo ela mineral e que de acordo com a lei de recursos hídricos, esta mesma tem prioridade para animais locais e população. Não sendo permitido o uso para lavagem de minério e nem molhação de ruas, o que gerou outra autuação. A Lagoa do Capim Branco que a Vale tem outorga é suficiente para o uso da mineradora e das operações a que eles têm usado. Foi feita uma foto coordenada e constatado que a cabeceira da nascente se encontra em ótimas condições, mas com muita serra pilheira, o que suja a água um pouco, mas ainda falta algum estudo. Ao que diz respeito ao Morro do Cachorro, Andréa, moradora do Recanto da Aldeia - Casa Branca, fez uma queixa junto à Policia Ambiental e ficou constatado que a empresa não tinha licença, mas o chefe da fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente informou que eles têm liberação do IEF, mas somente para retirar a vegetação e que este mesmo local é para fazer prospecção, e que este processo de prospecção pode durar de 10 a 50 anos. Há indicações de que aquela montanha ainda tinha as pilhas de minério da antiga MBR. O boletim de ocorrência com o parecer da polícia será anexado à denúncia junto ao MP. O Sr. Geniltom, supervisor da área ambiental da Vale, afirmou que em 15 dias no máximo os caminhões não mais irão transitar entre Córrego do Feijão e Casa Branca e irão usar somente as estradas internas dentro da mina. Vamos aguardar com fé tais andamentos!

Pressão da comunidade alcança resultados em reunião


Determinados no propósito de alcançar os objetivos de preservar as nascentes e água de Casa Branca, um grupo de moradores da região se reuniu na última sexta-feira, dia 06 de maio, no CONSEP, com vários funcionários da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Dentre eles, Vinícius, vistoria; Elmo, fiscal; Emanuel, Técnico de Serviços; Marcos, Chefe da Fiscalização e Lenice, Técnica e representante do Secretário Adjunto de Meio Ambiente.
Grande conquista da reunião foi termos conseguido que a Secretaria faça um laudo técnico da Mina da Jangada e demais localidades em Casa Branca que estão tendo desmatamento e abertura de ruas e praças para prospecção, assim como das condições da água que abastece a região. Também ficou acertado que fizessem um laudo do EIA – RIMA, com a finalidade de detectar os impactos que não foram previstos, a falta da representação da comunidade de Casa Branca no mesmo, as contrapartidas que não foram cumpridas ou nem, ao menos, abordadas, além de outros detalhes técnicos que podem estar fora do cumprimento devido.
Para que possamos fazer denúncias em relação à qualidade da água, é necessário que todos que estiverem com água suja, recolher a água para fazer análise.
Aos que estiverem com pouca água, pressão fraca ou falta de água, é necessário tirar fotos, filmar e, preferencialmente, chamar a polícia para fazer um boletim de ocorrência.
Dessa forma, o movimento se fortalecerá, pois quanto mais provas forem colhidas, maior será nossa credibilidade e seriedade.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Movimento Casa Branca Água Viva na mídia

Levando o nome do blog, a matéria intitulada “Águas de Casa Branca” foi publicada na última edição do jornal Apasul, com circulação em Casa Branca, Brumadinho, Nova Lima, entre outros municípios.
Com chamada na capa e uma matéria de página inteira, várias informações contidas no blog, além de outras relacionadas, a matéria fará circular a divulgação do movimento por  centenas de mãos, chegando a vários setores da sociedade.
Obrigada Apasul pela colaboração!

Show CASA BRANCA ÁGUA VIVA

Dia 01 de maio, domingo, Casa Branca foi palco de um grande show com a participação de artistas que abraçaram a causa “Casa Branca Água Viva”. Marcus Viana, Quebrapedra Trio (Leonora Weissmann, Rafael Martini e Edson Fernando), Patricia Lobato, Renato Motha, Regina Souza, Sérgio Pererê e Vander Lee, fizeram sucesso no Pavilhão Sanandha (condomínio Quintas de Casa Branca) e a arrecadação do show foi destinada ao movimento Casa Branca Água Viva, para a efetivação de ações que se fazem necessárias à consolidação mesmo.
A todos os artistas e aos que estiveram presentes no show, nosso muito obrigada.
(Em breve colocaremos fotos neste post)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Audiência Pública sobre Revisão do Plano Diretor em Brumadinho



Impressões sobre a Audiência Pública na Câmara dos Vereadores de Brumadinho sobre a revisão do Plano Diretor do Município, ocorrida em 27 de abril de 2011.

1- A audiência foi para apresentar os estudos e pesquisas realizados por uma empresa contratada pela prefeitura para, a partir destes, serem traçadas as diretrizes da revisão do Plano Diretor.
2- Após a longa exposição da técnica da empresa, com exibição de dados, quadros, mapas e outros recursos, iniciou-se a participação de representantes da sociedade civil organizada (5 minutos de fala) e participantes em geral (3 minutos).
3- Estavam presentes representantes e membros de muitos distritos e comunidades dos povoados, vilarejos, quilombolas e zona rural de Brumadinho.
4- Praticamente TODOS foram muito enfáticos em criticar duramente a metodologia e a própria pesquisa dessa empresa, com críticas também à condução por parte do poder público do município e muitas, muitas críticas e denúncias sobre a atividade mineradora em Brumadinho!
5- Ananda, moradora de Casa Branca, em sua fala denunciou o desrepeito com a Comunidade de Casa Branca que aparentemente não foi consultada na pesquisa, não foi comunicada em tempo hábil sobre a Audiência e teve sua participação comprometida pelo atraso de 1 hora do ônibus, disponibilizado pela prefeitura, que levaria a Comunidade para Brumadinho.
6- Ka, também morador de Casa Branca, colocou que Brumadinho desconhece Casa Branca, que só é lembrada na hora de aumentar o exorbitante IPTU, no recebimento dos repasses da mineração que não são investidos em Casa Branca, mas na sede e, finalmente, durante o Brumadinho Gourmet, onde após o evento, recebe o lixo que é jogado na Jangada. Diante da não consulta de Casa Branca na pesquisa, Ka ainda falou de alguns pontos que considera importante para a comunidade no plano diretor: o crescimento desordenado com risco de proliferação de condomínios e verticalização de Casa Branca e os sérios problemas com a mineração. Citou também a Audiência Pública em Belo Horizonte e finalizou sua fala colocando que diante das circunstâncias da Audiência de Brumadinho, a Comunidade de Casa Branca não reconhecia aquela Audiência e, amparada na lei que garante a participação da população nesse processo, poderia recorrer até mesmo ao Ministério Público para invalidar a AP.
7- José Henrique, morador de Casa Branca, também falou pela comunidade e criticou a metodologia da pesquisa, dizendo que a empresa tratou as pessoas como objetos e não seres humanos!
Foi forte, emocionante e indignante. Diante das críticas e denúncias os representantes da mesa  indicaram que haverá novas Audiências Públicas, com possibilidade de serem nas Comunidades e distritos, inclusive em Casa Branca, para que haja participação efetiva da população.