SERRAS E ÁGUAS

Montanhas me movimentam. Movimentam músculos, ossos, serotoninas e endorfinas. Acima de certa altitude, onde a maioria da biota é invisível aí sim, com o coração batendo forte no peito, lutando pelo oxigênio, é que sentimos a imensidão do universo; o azul do céu torna-se incrivelmente azul, meio assim policromático, estonteante. O silêncio, esse diferente do silêncio zumbido, habitual, só se escuta na solitude da montanha. É o mais próximo da alma que já consegui alcançar. Mistura de magia, cansaço, hormônios, adrenalina, felicidade. Assim imagino felizes os monges tibetanos pois têm ali, à mão, ingredientes potencializadores que catalisam harmonicamente alma e assuntos terrenos. Mesmo aqui nas nossas não menos poderosas montanhas esse sentimento inunda. A presença do divino também se manifesta, agora diferente, mais sonoro e alegre. O azul torna-se verde, e o som de alguns seres que também só se escuta depois de alguma altitude se fazem presente. É só uma questão de percepção. Formada em canga, nossas montanhas, como magneto, nos prende e nos une a ela. É só deixar. E a canga, onde vivo, como nenhum outro tipo de solo, com afinidade aguçada pela água, a recebe desavergonhadamente, e entre suas entranhas a retém, amniótico, quente. Aqui e ali, insurgências brotam, deixando fluir seu caldo puro e cristalino, mineralizado, dito especial. A ferro e água.

Lucas Machado

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Autuações por falta de outorga e promessa da Vale

Durante a reunião na sexta-feira com os representantes da Secretaria de Meio Ambiente de Brumadinho ficou acertado que na segunda-feira, dia 09 de maio, iriam começar as fiscalizações junto à Vale na Jangada. Já pela manhã da segunda-feira, Juninho, morador do Jangada, seguiu com o grupo da fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente até a nascente da Jangada, conhecida como Lagoa Azul. Demais demandas em questão dos desmatamentos na Serra do Cachorro, Capim Branco e ponto de recolha de água em caminhões na Jangada. A equipe da Secretaria se encontrou com o supervisor técnico da Vale e foram fazer a medição de água na nascente, a qual a Vale não tem outorga e, em função disso, já estão autuados. Ficou constatado que a nascente é de classe 1, sendo ela mineral e que de acordo com a lei de recursos hídricos, esta mesma tem prioridade para animais locais e população. Não sendo permitido o uso para lavagem de minério e nem molhação de ruas, o que gerou outra autuação. A Lagoa do Capim Branco que a Vale tem outorga é suficiente para o uso da mineradora e das operações a que eles têm usado. Foi feita uma foto coordenada e constatado que a cabeceira da nascente se encontra em ótimas condições, mas com muita serra pilheira, o que suja a água um pouco, mas ainda falta algum estudo. Ao que diz respeito ao Morro do Cachorro, Andréa, moradora do Recanto da Aldeia - Casa Branca, fez uma queixa junto à Policia Ambiental e ficou constatado que a empresa não tinha licença, mas o chefe da fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente informou que eles têm liberação do IEF, mas somente para retirar a vegetação e que este mesmo local é para fazer prospecção, e que este processo de prospecção pode durar de 10 a 50 anos. Há indicações de que aquela montanha ainda tinha as pilhas de minério da antiga MBR. O boletim de ocorrência com o parecer da polícia será anexado à denúncia junto ao MP. O Sr. Geniltom, supervisor da área ambiental da Vale, afirmou que em 15 dias no máximo os caminhões não mais irão transitar entre Córrego do Feijão e Casa Branca e irão usar somente as estradas internas dentro da mina. Vamos aguardar com fé tais andamentos!

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