SERRAS E ÁGUAS

Montanhas me movimentam. Movimentam músculos, ossos, serotoninas e endorfinas. Acima de certa altitude, onde a maioria da biota é invisível aí sim, com o coração batendo forte no peito, lutando pelo oxigênio, é que sentimos a imensidão do universo; o azul do céu torna-se incrivelmente azul, meio assim policromático, estonteante. O silêncio, esse diferente do silêncio zumbido, habitual, só se escuta na solitude da montanha. É o mais próximo da alma que já consegui alcançar. Mistura de magia, cansaço, hormônios, adrenalina, felicidade. Assim imagino felizes os monges tibetanos pois têm ali, à mão, ingredientes potencializadores que catalisam harmonicamente alma e assuntos terrenos. Mesmo aqui nas nossas não menos poderosas montanhas esse sentimento inunda. A presença do divino também se manifesta, agora diferente, mais sonoro e alegre. O azul torna-se verde, e o som de alguns seres que também só se escuta depois de alguma altitude se fazem presente. É só uma questão de percepção. Formada em canga, nossas montanhas, como magneto, nos prende e nos une a ela. É só deixar. E a canga, onde vivo, como nenhum outro tipo de solo, com afinidade aguçada pela água, a recebe desavergonhadamente, e entre suas entranhas a retém, amniótico, quente. Aqui e ali, insurgências brotam, deixando fluir seu caldo puro e cristalino, mineralizado, dito especial. A ferro e água.

Lucas Machado

terça-feira, 19 de abril de 2011

Histórico

Desde 2006, a população de Casa Branca está se envolvendo com a preservação de suas nascentes que estão sendo degradadas em função das atividades de mineração.
Quando as empresas iniciaram a exploração do minério nessa rica região, os Estudos de Impacto Ambiental, chamados de EIA, mal consideravam a comunidade que aqui habita. Os impactos que avaliaram que ocorreriam aqui não foram realmente contemplados em sua totalidade e tampouco as contrapartidas prometidas no EIA foram cumpridas. As contrapartidas são benefícios que as empresas oferecem para poder explorar a região.
Para contestar esse estudo, um processo foi aberto solicitando que o estudo fosse refeito, considerando a comunidade, a população e os impactos que não foram previstos anteriormente. Sem respostas, ainda aguardamos a reformulação do EIA, mas, consternados, já estamos sentindo as conseqüências da mineração. Acreditamos que a união da comunidade e o apoio de agregados que se tocarem pela causa irá alcançar a concretização de nosso desejo de manter nossas nascentes preservadas, nosso solo não contaminado e a água que usamos e tanto prezamos viva e saudável em nossas casas, hortas, cachoeiras, riachos...

Um comentário:

  1. Águas de Casa Branca
    Tantas e todas santas
    águas que nos lavam a alma...águas claras, docemente águas libertárias correndo por estes vivamentos de abril, faço a terra tremer, o mar transbordar, até tirar do lugar comum nosso olhar e nossas águas nos valerem e nossas águas nos falarem que nossa sede de água pura é nossa cura, que nossas águas não podem terminar em nada.

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