SERRAS E ÁGUAS

Montanhas me movimentam. Movimentam músculos, ossos, serotoninas e endorfinas. Acima de certa altitude, onde a maioria da biota é invisível aí sim, com o coração batendo forte no peito, lutando pelo oxigênio, é que sentimos a imensidão do universo; o azul do céu torna-se incrivelmente azul, meio assim policromático, estonteante. O silêncio, esse diferente do silêncio zumbido, habitual, só se escuta na solitude da montanha. É o mais próximo da alma que já consegui alcançar. Mistura de magia, cansaço, hormônios, adrenalina, felicidade. Assim imagino felizes os monges tibetanos pois têm ali, à mão, ingredientes potencializadores que catalisam harmonicamente alma e assuntos terrenos. Mesmo aqui nas nossas não menos poderosas montanhas esse sentimento inunda. A presença do divino também se manifesta, agora diferente, mais sonoro e alegre. O azul torna-se verde, e o som de alguns seres que também só se escuta depois de alguma altitude se fazem presente. É só uma questão de percepção. Formada em canga, nossas montanhas, como magneto, nos prende e nos une a ela. É só deixar. E a canga, onde vivo, como nenhum outro tipo de solo, com afinidade aguçada pela água, a recebe desavergonhadamente, e entre suas entranhas a retém, amniótico, quente. Aqui e ali, insurgências brotam, deixando fluir seu caldo puro e cristalino, mineralizado, dito especial. A ferro e água.

Lucas Machado

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Reunião no Zé Dodô

Unida, a comunidade de Casa Branca, principalmente os moradores do bairro Jangada, se reuniu no espaço de eventos do Zé Dodô para discutir sobre a atual situação da água na região.


A liderança local colocou a par, de forma transparente, tudo o que já foi feito em relação às contestações do EIA - Estudo de Impacto Ambiental, - feito pelas mineradoras, à todos os contatos que foram feitos para que possamos nos munir do máximo de informações acerca dos nossos direitos em relação à utilização das nascentes e águas do município, e de um prestação de contas, que demonstrou o quanto recebemos e já gastamos com as mobilizações do movimento.

 

Indignados com a exposição sofrida pelo lençol freático, que agride as nascentes, várias pessoas se manifestaram com a colaboração de novas informações e com a disposição de ajudar, se envolvendo em grupos de diferentes frentes como: mobilização, comunicação, arrecadação de verba (para custear os gastos do movimento, como telefone, gasolina, impressões, xerox, etc...), entre outros.


Após a reunião, o grupo desceu em passeata até a Praça de Casa Branca, em protesto pela preservação de nossas águas.

Em coro as vozes se uniram para cantar o refrão:

"A união faz a força
A união faz a força
A união faz a força
A união é a força!"

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